A pressão subglótica (Psub) é um dos parâmetros fisiológicos mais importantes no controlo da qualidade vocal. Baseia-se na sobrepressão do ar no sistema respiratório. A sua principal função é a variação do volume vocal: uma pressão elevada produz uma voz alta. O volume vocal é frequentemente medido em termos de nível de pressão sonora (SPL), que deve ser registado a uma distância específica do microfone, como se pode ver na figura abaixo.

Figura 1. SPL em função da pressão subglótica.

O volume vocal é um parâmetro importante na expressividade emocional, tanto no canto como na fala. É frequentemente utilizado para marcar a estrutura do fraseado musical, dando ênfase a partes importantes. De todos os parâmetros que contribuem para a percepção do volume vocal, ou seja, a pressão subglótica, a adução glótica e a frequência dos formantes, a pressão subglótica é a que tem maior influência. Um aumento da pressão subglótica está normalmente associado a uma diminuição da inclinação do espectro.

Figura 2. Ilustração do efeito da pressão subglótica na inclinação do envelope do espectro.

A pressão subglótica varia com o tom: os tons agudos, nos quais as pregas vocais estão esticadas, requerem pressões mais elevadas do que os tons graves, nos quais as pregas vocais estão mais relaxadas. Os níveis de pressão subglótica variam entre diferentes vozes e diferentes estilos musicais.

Figura 3. Relação entre a pressão subglótica, o tom e o fraseado musical. O gráfico mostra um arpejo ascendente do acorde tónico de Dó maior, seguido de um arpejo descendente de um acorde de sétima dominante. Pode ver-se como a pressão subglótica aumenta com a altura e também como a primeira nota pertencente ao segundo acorde recebe a pressão mais elevada devido ao fraseado. 
Audio 1. Arpejo ascendente do acorde tónico de Dó maior, seguido pelo arpejo descendente de um acorde de 7.ª dominante.

A pressão subglótica é controlada pelo sistema respiratório. A expansão dos pulmões provoca uma queda de pressão (inalação), enquanto a compressão (exalação) produz uma sobrepressão. A pressão subglótica é controlada tanto pela musculatura como pela elasticidade da unidade torácico-pulmonar.  Normalmente, varia com o volume pulmonar: um nível pulmonar elevado, resultante de uma inalação profunda, produz pressões elevadas e, frequentemente, também uma voz alta. No entanto, independentemente do volume pulmonar, a pressão subglótica pode ser reduzida através da activação dos músculos inspiratórios, contrariando a força expiratória causada pela elasticidade. Por exemplo, o canto de notas agudas em pianíssimo, no início de uma frase musical longa, vai exigir a contracção dos músculos inalatórios: o diafragma e os intercostais externos.

Outro parâmetro fisiológico de grande importância para a qualidade vocal é a adução glótica: a força que aproxima as pregas vocais. Quando esta é fraca, as pregas vocais também vibram com baixa pressão subglótica, e a voz sairá com ar. Quando é forte, será necessária uma pressão subglótica mais elevada para conseguir a vibração das pregas vocais e a voz será pressionada. O uso habitual da fonação pressionada está frequentemente associado a problemas vocais. A mobilidade das pregas vocais pode ser medida pela pressão mais baixa a que ocorre a vibração das pregas vocais. É o chamado limiar de pressão de fonação (PTP). Normalmente aumenta com a fadiga vocal, quando as pregas vocais estão mais dormentes, e diminui quando há um maior nível de hidratação. As hormonas esteróides sexuais também podem alterar este limiar, aumentando na presença de edema vocal.


Leituras adicionais: 

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