Resumo

O canto materno surge, na sua origem, como uma prática ancestral com valor adaptativo e de proteção do bebé. Cantar para bebé desde o seu desenvolvimento intrauterino tem sido apontado na literatura como uma experiência promotora do desenvolvimento de uma ligação afetiva materno-fetal. No entanto, ainda são desconhecidos os processos pelos quais o canto materno e a sua qualidade vocal poderão contribuir para o desenvolvimento deste vínculo perinatal. Também ainda se desconhece se o canto pré-natal tem impacto no comportamento do feto e do recém-nascido. Este estudo exploratório teve como principal objetivo a promoção da saúde e do bem-estar da mulher durante a gravidez, assim como a promoção da vinculação perinatal, através de experiências mediadas pelo canto pré-natal. Com este projeto pretendeu-se reforçar a inovação no sector da saúde e da comunidade, respondendo ao objetivo de desenvolvimento sustentável (ODS) número 3 reportado na Agenda 2030.

Período de implementação
2023-2025
Acrónimo
SingingWomb
Referência
2022.01750.PTDC
Financiamento total
48.693,90 €
Instituição financiadora
Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), I.P.
Data de início de financiamento
01/01/2023
Data de fim de financiamento
31/01/2025
Palavras-chave
Gravidez; Bem-estar; Vínculo Perinatal; Canto Pré-natal

Metodologia

Sendo o escutar de música durante a gravidez associado a uma melhora da maturação neuronal neonatal, mas desconhecendo-se as contribuições do canto pré-natal ao comportamento neonatal e não se compreendendo o contributo da propagação acústica do humming maternal no interior do útero à maturação neuronal fetal e neonatal, 22 mulheres grávidas com gravidez de baixo risco obstétrico foram distribuídas de forma sequencial em três grupos: 1) grupo de treino vocal (GTV), com exercícios específicos desenhados para desenvolver a coordenação fono-respiratória e as ressonâncias vocais propagadas subgloticamente, ou, por outras palavras, através das vibrações dos tecidos do corpo materno mais próximos ao feto; 2) grupo de musicoterapia (GMT), com o foco no canto dirigido ao feto; 3) grupo de controlo (GC), sem canto pré-natal. Foi feita uma análise multidisciplinar envolvendo a aplicação das escalas Escala de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS) e Escala de Vinculação Materna Pré-Natal (EVMPN) e uma sessão protocolada de leitura e registo acelerométrico (ACC), áudio (em proximidade e à distância de 30 cm), cardiotocográfico (CTG), electrodérmico (EDA) e electrolaringográfico (ELG) às 32 e 37 semanas de gestação (SG). O protocolo da sessão consistiu na execução de tarefas de naturezas variadas: leitura de um conto, humming, vocal toning, o canto de uma canção de embalar e comunicação livre dirigida ao feto. No decorrer do período entre as 32 e 37 SG foi feita uma recolha salivar bi-diária a fim de obter registo dos níveis de cortisol, bem como, para as participantes do GTV, definidos exercícios diários especificamente criados para estas executarem autonomamente.

Esquema dos vários registos efectuados às 32 e 37 SG
Visualização sincronizada dos sinais registados

Durante este mesmo período houve também uma sessão de grupo por semana para cada um dos GTV e GMT. Uma ou duas semanas após o parto houve uma aplicação das escalas Escala de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS), Escala de Vinculação Materna Pré-Natal (EVMPN) e Observação do comportamento neonatal (NBAS).

Sessão de grupo do GTV à esquerda e do GMT à direita
SingingWomb
Prospecto sobre o Projecto SingingWomb

Contacto:                                    

Prof.ª Dr.ª Filipa Lã
filipa.la@edu.uned.ed
uned.voicelab@gmail.com

+34 913 98 69 76

“Saúde da mulher, bem-estar na gravidez e vínculo perinatal: contributos do canto pré-natal (SingingWomb)”
(2022.01750.PTDC) foi financiado pela FCT/MCTES (PIDDAC)